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Bandidos & Mocinhos

Atualizado: 15 de mar. de 2022



Há 13 dias a Rússia iniciou a invasão na Ucrânia e o resultado dessa história nós estamos vendo diariamente nos noticiários e mídias sociais... E muitos outros desdobramentos dela só serão conhecidos no futuro.


Mas antes de conversarmos sobre um tópico pouco comentado a respeito dessa guerra, vou pedir, como de costume, que você clique nesse link pra escutar uma música de fundo, que tem tudo a ver com o nosso papo que, desde já, adianto não representar qualquer tipo de apoio à invasão russa sobre a Ucrânia (muito pelo contrário), nem às demais invasões que ocorrem neste exato momento no nosso planeta.


--- Pausa para a música iniciar ---


Um dos horrores de uma guerra é a quantidade de civis que são obrigados a saírem de suas casas, tornando-se refugiados deslocados a países vizinhos, ou outros mais distantes de seu país.


Perde-se familiares, amigos, pertences... perde-se a legalidade da própria cidadania que dá direitos que não são concedidos em outros países (como o direito ao trabalho, por exemplo).


Tenho certeza de que, ao ver qualquer uma das imagens sobre o assunto, você deve ter se solidarizado imensamente com a tristeza do que está ocorrendo na Ucrânia neste momento.


Recentemente, a União Europeia aprovou uma concessão inédita de vistos de proteção para refugiados da Ucrânia, composto de vistos de residência que dão acesso à educação e à trabalho durante um ano, podendo ser renovado por mais tempo (mais, aqui).


Para efeito de comparação, a guerra da Síria criou uma onda migratória em direção à Europa, sendo que os refugiados que para lá foram não receberam os mesmos benefícios dados aos ucranianos... muito pelo contrário (mais, aqui).


Neste exato momento, outros inúmeros ataques a civis estão acontecendo ao redor do nosso planeta, trazendo a mesma dor pelo qual os ucranianos estão passando, e os meios de comunicação não dão o mesmo peso e tempo de notícia. Mais, aqui, e aqui.


Me pergunto, então, o que faz uma guerra tão horrível quanto outras causar mais dor aos “espectadores” do que as demais, e o vídeo abaixo me parece ser uma de inúmeras respostas para isso.



Soma-se a isso os casos de preconceito sofrido por não brancos na saída dos refugiados da Ucrânia (mais, aqui). Aconselho ainda a leitura deste artigo e deste vídeo (com um debate entre autoridades no assunto).


A questão é que, quando uma guerra se trava em solo ocidental, a repercussão e o tratamento dado a ela e aos seus refugiados são completamente diferentes da repercussão e do tratamento dado àquelas que ocorrem em lugares com costumes, ideologias, cor de pele, e até mesmo questões econômicas (embora estas questões estejam ligadas às anteriores) diferentes dos ocidentais.


Mas quem é esse ocidente, afinal de contas?


Diferentemente do que você pode acreditar, o ocidente é formado apenas por Estados Unidos, Canadá, Austrália, Nova Zelândia e Europa - lembrando que não há um consenso sobre os países do leste europeu serem considerados ocidentais, ou não.


Por conta da entrada de países do leste europeu na União Europeia, muitos pesquisadores entendem que tais países agora seriam considerados ocidentais, embora suas populações sofram preconceito velado por parte das populações dos países mais desenvolvidos do bloco (situação que era vivida por Portugal e Espanha, antes da aceitação das nações do leste no mercado comum europeu). Mais, aqui.


Aconselho a leitura deste artigo, do Kai Ferreira, que irá expandir o conhecimento daqueles que acreditam serem ocidentais por serem brasileiros/as. O Guga Chacra explica bem neste artigo porque não somos ocidentais, e o UOL traz mais informações sobre o tema, nesta reportagem.


Vivemos em um planeta onde a dor dos excluídos não tem voz (aconselho MUITO a leitura desse texto da Sandra Cohen)


São os negros de qualquer país (ocidental, ou não) que estão nas camadas mais baixas da pirâmide social (aliás, chegamos ao cúmulo de ver uma política chamada apartheid (mais, aqui) em um país no continente africano que tem, até hoje, os melhores índices sociais para a sua população branca (mais, aqui).


A islamofobia é crescente, (mais, aqui), o ódio aos indígenas, nativos de países colonizados por europeus e latino americanos também (mais, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui ... e eu poderia trazer milhares de outros artigos que mostram como os povos originários são hostilizados em suas próprias terras em todo o continente americano).


Somos programados a pensar que a cultura ocidental é a pedra basilar daquilo que deve ser a sociedade ideal e quem não se adequa a ela é malvisto e considerado carta fora do baralho.


São filmes, séries, músicas, produtos, serviços, inclusive a absorção da língua (quantas vezes você ouviu alguém dizer que iria fazer um meeting - ao invés de uma reunião - desde o início da pandemia de Covid?).


Até os anos 2000 não havia celebração de Halloween no Brasil da forma como vemos hoje, principalmente em condomínios fechados (mais, aqui). No México, a confusão causada entre a festividade americana e o Dia de los Muertos vem mudando a percepção dos jovens mexicanos (mais, aqui e aqui).


Não estou querendo dizer que devemos nos fechar na nossa cultura, ou tentar impô-la sobre as demais. Muito pelo contrário. Até porque, imposição é o que vem ocorrendo há séculos na ocidentalização... ops, globalização do mundo.


Também não estou querendo demonizar a cultura ocidental (embora eu abomine a ideia da obrigatoriedade do uso de terno e gravata para homens em situações formais no verão escaldante do Brasil).


O que vemos nestas guerras é a imposição de hábitos, crenças, costumes... da cultura de uns sobre outros.


E é por isso que digo que não há mocinhos, nem bandidos nessas histórias. Apenas seres humanos que não conseguem tolerar o diferente. Aliás... origem essa de todas as guerras (por menores, ou maiores que sejam) no nosso pequeno planetinha azul, por onde perambulamos já há algum tempo.


Quem sabe se começarmos a praticar mais o respeito pelo outro ser humano, pela cultura alheia, o mundo não se torna um lugar melhor.


E é com a enorme vontade de difundir a cultura do respeito às diferenças culturais que a Civisporã elabora o seu trabalho, seja na publicação de conhecimento nos seus canais, seja produzindo camisetas para nós, seres humanos, e nossos amigos peludos.


Sempre com o propósito de sensibilizar a população de que a sociedade atual é o resultado daquilo que somos no dia a dia, e de que nossas atitudes transformam a sociedade, positiva – ou negativamente.



Alguns dos artigos apresentados aqui no Sermoré da Civisporã, ou nos textos estampados nas suas camisetas, podem parecer um pouco duros, pois repreendem atitudes prejudiciais; outros apresentam um convite a juntar “lé com cré”; outros são motivacionais.


Mas todos eles nos fazem pensar e possuem o mesmo objetivo: lembrar que somos nós que construímos o Brasil e que cabe a nós melhorar a nossa sociedade. Sociedade esta que se iniciou no encontro dos colonizadores portugueses com os nativos indígenas que aqui já viviam.


E é refletindo esse início do nosso país que está estampado o propósito fundamental da CIVISPORÃ:

CIVIS: Sociedade, em Latim.

PORÃ: Boa/m, bonita/o, melhor, em Tupi.

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