Você já deve ter ouvido, pelo menos uma vez na vida que, se não fosse bonzinho, ou boazinha, algo de bom não aconteceria para você. Poderia ser o Papai Noel que não traria um presente, a festinha que não aconteceria, ou até mesmo o céu que não te receberia.
Mas antes de começarmos a conversar sobre isso, deixo esse link, pra você escutar a música que separei para o nosso papo de agora.
--- Pausa para a música iniciar ---
Tenho certeza de que, em algum momento dos últimos meses, você já deva ter ouvido sobre o cancelamento de alguma pessoa por conta de determinada conduta considerada reprovável por parte dela.
Tal atitude, extremamente frequente nos dias de hoje, gerou um nome para esse fenômeno da era digital em que vivemos: “Cultura do Cancelamento” (mais, aqui).
São atitudes que acabam sofrendo reprovação por parte de um grupo social (ou dele todo), baseado em conceitos sobre o que é certo e o que é errado em determinada sociedade. Mais ou menos com um julgamento medieval, só que no mundo digital.
Não há como negar que determinadas ações que provocam o dito cancelamento são, sim, reprováveis (casos de intolerância representam bem o que eu quero dizer), quando não consideradas crimes no ordenamento jurídico do nosso país (como o médico anestesista que estuprava mulheres em trabalho de parto).
Mas há cancelamentos por questões que não passam de visões ideológicas distintas daquelas praticadas pelos juízes do “tribunal da internet”. Quando não mesmo por questões pessoais, bullying online, ou ainda, pasme, para angariar aumento de visibilidade nas redes (crescimento de algoritmo).
No entanto, não podemos deixar de notar que é justamente essa onda de cancelamento que promove, cada vez mais, os debates sociais sobre machismo, xenofobia, racismo, homofobia, entre outros preconceitos sociais presentes entre nós.
Todo o debate e troca de ideias é importante para o desenvolvimento social. E é aí que está, a meu ver, o grande problema que enfrentamos atualmente.
Será que sabemos debater temas e situações de forma saudável?
Fomos educados e treinados (família, escola, sociedade), a tratar a/o “adversária/a” de forma respeitosa? Ou agimos com intolerância?
Internalizamos a competência da coragem para dizer aquilo que realmente pensamos (sem sermos rudes e insensíveis), ou ainda nos escondemos dentro do/a personagem bonzinho/a, falando o que é moralmente aceito?
Quantas vezes falamos o que os outros querem ouvir, ao invés da necessária verdade?
Quantas pessoas você conhece que preferem viver a “carícia” da mentira, ao invés da “dor” da verdade?
Estamos preparados para ela – a verdade? Ou somos mais uns, dos muitos bonzinhos que por aí estão, vivendo inconscientes de doses diárias de mentiras que afagam os próprios egos?
Gosto, mas sou crítico à seguinte frase: “Quando tiver que escolher entre estar certo e ser gentil, escolha ser gentil”.
Não gosto da ideia de ter que escolher entre um e outro, pois acredito que é possível ser gentil, mesmo estando com a razão.
Afinal, a razão é ferramenta imprescindível para o desenvolvimento social, construído através da superação dos erros (ninguém nasceu sabendo tudo).
E por isso, tenho a certeza de que – salvo algumas pessoas com desordens emocionais específicas – todos nós possuímos o dom Humano de aprender com os próprios erros.
Alguns os enxergam com uma simples conversa, outros, com uma repreensão mais dura. Mas existe aqueles que só conseguem enxergá-los com um Certo, Justo e Bom cancelamento.
E é pela imensa vontade de contribuir com o desenvolvimento social que a Civisporã elabora o seu trabalho, seja na publicação de conhecimento nos seus canais, seja produzindo camisetas para nós, seres humanos, e nossos amigos peludos.
Sempre com o propósito de sensibilizar a população de que a sociedade atual é o resultado daquilo que somos no dia a dia, e de que nossas atitudes transformam a sociedade, positiva – ou negativamente.
Alguns dos artigos apresentados aqui no Sermoré da Civisporã, ou nos textos estampados nas suas camisetas, podem parecer um pouco duros, pois repreendem atitudes prejudiciais; outros apresentam um convite a juntar “lé com cré”; outros são motivacionais.
Mas todos eles nos fazem pensar e possuem o mesmo objetivo: lembrar que somos nós que construímos o Brasil e que cabe a nós melhorar a nossa sociedade. Sociedade esta que se iniciou no encontro dos colonizadores portugueses com os nativos indígenas que aqui já viviam.
E é refletindo esse início do nosso país que está estampado o propósito fundamental da CIVISPORÃ:
CIVIS: Sociedade, em Latim.
PORÃ: Boa/m, bonita/o, melhor, em Tupi.
As vezes eu me pergunto, diante de tanta informaçao, por que vivemos diante de tanto preconceito e intolerancia? Lendo seu texto, talvez a resptosta esteja no fim da preocupação em ser bonzinho e da vergonha sentida quando diante de tais sentimentos. Atualmente, tenho a sensação, que as pessoas usam a liberdade de expressão e a validação por parte de governantes, para externalizar o que sempre existiu e ficava escondido pela necessidade de parecer bonzinho. E ai, novamente eu me pergunto, o que estamos vivendo é uma etapa necessária para nossa evoluçao ou para nosso fim?