Ontem (28/06) foi comemorado o Dia Internacional do Orgulho Gay e eu convido você a entender por que esta data deve existir, ao contrário de uma que celebre o orgulho hétero, como algumas pessoas insistem em querer instituí-la.
Mas antes de começarmos a papear, convido você a acessar esse link, para escutar essa música enquanto conversamos. Houve uma mudança em parte da letra, cantada pelo próprio Lulu Santos, após aceitar a sua condição sexual (será que você consegue descobrir onde está ela?).
Se você quiser ouvir mais músicas sobre o temam acesse esse link.
--- Pausa para a música iniciar ---
Tenho certeza de que você já deve ter escutado, em algum momento da sua vida, alguém ter dito que deveria haver um dia do orgulho hétero.
Há (ou houve), inclusive, várias propostas de lei tramitando em várias casas legislativas do nosso país, nos três níveis de legislação da federação brasileira: Câmaras de Vereadores de alguns municípios (mais, aqui,aqui e aqui); Assembleia Legislativa Estadual da Paraíba (que inclusive aprovou o projeto de lei - mais, aqui) e até no Congresso Nacional (mais, aqui).
Os motivos de criação desta data são os mais variados, mas chegam a dizer que a criação de um dia do orgulho hétero serve para “defender os direitos e garantias das pessoas que têm orientação heterossexual”, ou “a manifestação acerca desta ‘escolha’”, ou ainda “do orgulho em ser heterossexual”, ou, pior ainda, para “heterossexuais não sofrerem discriminação por serem... heterossexuais”.
A pergunta que fica é: Quando, na história da humanidade, heterossexuais foram oprimidos por conta desta orientação sexual?
Já os casos de crimes e injustiças cometidos contra pessoas não heterossexuais são milhares, principalmente por razões de algumas matrizes religiosas.
Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais, Queer/Questionando, Intersexos, Assexuais/Agêneros/Arromânticos, Pan/Polis, Não-binários (ou não heterossexuais que não caibam em uma dessas características - os famosos “+” da sigla) sempre sofreram opressões, pré-conceitos, chacotas, injustiças, crimes, humilhações, abusos, violências... por inúmeros membros da sociedade... inclusive a familiar.
Não ser heterossexual chegou a ser motivo de prisão no Brasil. Até 16 de maio de 1990 a OMS (Organização Mundial da Saúde) mantinha a homossexualidade como uma CID - Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (mais, aqui).
Sessenta e nove (69) países do nosso planeta consideram a homossexualidade crime. A maioria na África, e por conta de um legado colonial (europeu) que permanece até os dias de hoje. Dos 53 países da Commonwealth (Associação de países – a maioria deles ex-colônias britânicas), 36 possuem leis que criminalizam a homossexualidade (mais, aqui).
Os números podem mudar de ano para ano, mas pelo menos sete estados da ONU impõem PENA DE MORTE a atos homossexuais. Outros cinco, a pena de morte é um castigo possível (entre eles a sede da próxima Copa do Mundo – Qatar).
Ou seja, se você é pego cometendo algum ato homossexual, será, ou poderá ser punido, com a morte em, pelo menos, 12 países que integram a ONU (mais, aqui).
Uma lista aponta 72 países do mundo perigosos para quem é gay (mais, aqui).
O Catar se pronunciou como seguro para a comunidade LGBTQIA+ durante o maior evento esportivo do planeta, contando que pessoas do mesmo sexo não demonstrem afeto publicamente (mais, aqui).
Eu me pergunto o que é considerado uma demonstração pública de afeto naquele país? Um pai beijando o filho no rosto pode ser considerado demonstração pública de afeto entre dois homens pelas leis catari?
Milhares de pessoas foram e são condenadas até hoje simplesmente por não serem heterossexuais.
Tenho certeza de que você entende e constata que as injustiças são milenares.
Mas as conquistas são recentes, desde não ser mais classificado como doença, até ser considerado crime de racismo.
E é por essas conquistas, alcançadas dia a dia, mês a mês, ano a ano, década a década, século a século, que se comemora o Dia do Orgulho Gay. Mais especificamente no mês de junho, por conta da “Rebelião de Stonewall”, em junho de 1969 (mais, aqui).
Lembro para aqueles que ainda acreditam que deve haver um “dia do orgulho hétero” que o Dia do Orgulho Gay não deprecia, nem desmerece quem é heterossexual. Esta data celebra o orgulho de ser algo que foi, e ainda é, por muitos, considerado algo abominável.
Esta data serve para que TODA a humanidade possa se lembrar de como já foi; entender como ainda é; e como podemos construir a sociedade onde o amor prevaleça, independentemente da orientação sexual que cada ser humano tenha.
E é justamente na construção dessa sociedade, que a Civisporã elabora o seu trabalho, seja na publicação de conhecimento nos seus canais, seja produzindo camisetas para nós, seres humanos, e nossos amigos peludos.
Sempre com o propósito de sensibilizar a população de que a sociedade atual é o resultado daquilo que somos no dia a dia, e de que nossas atitudes transformam a sociedade, positiva – ou negativamente.
Alguns dos artigos apresentados aqui no Sermoré da Civisporã, ou nos textos estampados nas suas camisetas, podem parecer um pouco duros, pois repreendem atitudes prejudiciais; outros apresentam um convite a juntar “lé com cré”; outros são motivacionais.
Mas todos eles nos fazem pensar e possuem o mesmo objetivo: lembrar que somos nós que construímos o Brasil e que cabe a nós melhorar a nossa sociedade. Sociedade esta que se iniciou no encontro dos colonizadores portugueses com os nativos indígenas que aqui já viviam.
E é refletindo esse início do nosso país que está estampado o propósito fundamental da CIVISPORÃ:
CIVIS: Sociedade, em Latim.
PORÃ: Boa/m, bonita/o, melhor, em Tupi.
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