Você sabe dizer quem é, o que faz aqui e por que está aqui?
Sabe dizer também de onde vem e pra onde vai?
Perguntas difíceis de responder e que trazem inquietações na mente de muitas pessoas, mas que quero puxar para a conversa desse artigo.
Diferentemente do que venho fazendo em todos os artigos, a música do tema de hoje vai dar lugar ao curta MAN (Homem), de Steve Cutts, lançado há 10 anos, que vai ambientar você para o papo de hoje.
Ontem, 15/03, foi o Dia do Consumidor e, durante toda esta semana, é possível verificar inúmeras promoções de vendas em razão da “semana do consumidor”.
Nada comparado às promoções que vemos na Black Friday, ou em tantas outras épocas de promoções já consolidadas no calendário de compras, mas que fazem muitas pessoas consumirem alguma novidade apresentada no mercado.
Já hoje, 16/03, é o Dia Nacional de Conscientização sobre as Mudanças Climáticas. Uma data que tem como objetivo, como o próprio nome diz, conscientizar a população sobre os problemas que estamos causando no planeta (eu e você incluso) por conta da forma como vivemos por aqui.
E quando falo em vivemos, quero dizer consumimos, pois, a todo momento estamos consumindo algo, inclusive enquanto dormimos (a geladeira da sua casa continua ligada e gastando energia para manter os produtos aptos ao consumo, não?)
Ou seja: Consumimos 24 horas por dia, 365 dias por ano, do momento que nascemos ao momento que morremos.
Não há como fugir das necessidades que temos para viver. Precisamos de comida, habitação, roupa, locomoção, educação, segurança, lazer. Nesse artigo eu falo sobre a Pirâmide de Maslow, que trata da hierarquia das nossas necessidades como seres humanos (aconselho a leitura).
Tudo o que produzimos para o consumo humano gera um impacto no nosso planeta - do clima em si aos ecossistemas como um todo. E uma das formas de medir a geração desse impacto está na pegada de Carbono, que analisa os impactos causados na atmosfera e as mudanças climáticas provocadas pelo lançamento de gases de efeito estufa a partir de cada produto, processo, ou serviço que consumimos (mais, aqui).
Outra metodologia é a Pegada Ecológica, que avalia a demanda humana por recursos naturais com a capacidade regenerativa do planeta (mais, aqui).
Seja por uma métrica, ou outras quaisquer, os resultados apresentam o mesmo problema: consumimos muito mais do que aquilo que o planeta pode oferecer para produzir tudo o que consumimos.
A pegada Ecológica do Brasil é de 2,9 Hectares Globais por habitante - bem próximo da média global, de 2,7 HG/h. Isso indica que, se todos os habitantes do nosso planeta consumissem como o brasileiro médio, seria necessário 1,6 planeta para sustentar tudo. A média mundial é um pouco menor: 1,5 planeta.
Se todas as pessoas do mundo vivessem (consumissem) como um(a) cidadã(o) europeu(eia) meio(a), seriam necessários quase 3 planetas (mais, aqui). Se fossem um(a) americano(a) meio(a), o número aumentaria para 4,5 Terras (mais, aqui).
E olha que nem estou falando sobre toda a problemática dos resíduos despejados e jogados no meio ambiente, geralmente em países “economicamente” pobres (mais, aqui).
Ou seja: Consumimos demais e, por conta da realidade econômica de cada país e suas populações, de forma desigual, onde quem tem muito, consome muito, e quem não tem nada, consome aquilo que dá (quando não consome os restos daqueles que têm).
Tá... mas o que isso tudo tem a ver com as perguntas do início dessa conversa?
Vou chegar lá, de forma indireta.
Se você for analisar tudo o que tem na sua casa, tenho certeza de que algumas coisas podem ter sido compradas por impulso, por uma necessidade de que, se duvidar, nem você sabe dizer qual foi. O termo dado para isso é Consumismo (mais, aqui).
E é aí que está o meu ponto. Vivemos em uma sociedade que estimula o consumismo. A trocar o celular de um ano de uso por um novo (falei celular, mas pode ser qualquer outra coisa que tenha sido considerada ultrapassada por conta de uma nova geração que a indústria acaba de oferecer no mercado).
E se você não tem o carro novo, o celular novo, o modelo mais moderno, a última tendência da moda, ou o que quer que seja que indique que você é alguém nessa sociedade de consumo, você pode não ser bem-visto(a) pelas demais pessoas.
A situação é tão grave que é vista nas nossas crianças.
Cansei de ver ex-alunos (adolescentes e crianças com pouco mais de 10 anos) que desdenhavam de outras pelo fato delas não terem o tênis com rodinha e luzinha, ou o último modelo do iPhone.
Cheguei a presenciar conversas de crianças que diziam que uma coleguinha era pobre e não poderia participar do grupinho e ser amiga delas porque só tinha viajado uma vez para a Disney. Já é chocante escutar isso na boca de adultos, imagina como foi escutar isso na voz de crianças.
Infelizmente, não somos TODOS instruídos a desenvolver o nosso potencial psicológico filosófico, sociológico, humanitário. Não somos capacitados a nos amarmos como somos.
Ao contrário. Somos literalmente treinados a ser mais e melhor que os coleguinhas, a competir, a necessitar de coisas para nos sentirmos importantes, necessários e amados.
Falta capacitação e instrução e desenvolvimento em SER humano. E sem isso, o consumismo vira a boia salva vida, muito bem utilizada pelas melhores táticas de marketing e vendas (acredite no que estou falando... sou publicitário).
E assim estamos vivendo até o momento em que compreendemos que o planeta não sustém a nossa forma de viver. Que é preciso mudar a nossa forma de viver
... e pra ontem.
E é com um enorme empenho de mudar o paradigma de vida em que estamos vivendo (pra ontem) que a Civisporã elabora o seu trabalho, seja na publicação de conhecimento nos seus canais, seja produzindo camisetas para nós, seres humanos, e nossos amigos peludos.
Sempre com o propósito de sensibilizar a população de que a sociedade atual é o resultado daquilo que somos no dia a dia, e de que nossas atitudes transformam a sociedade, positiva – ou negativamente.
Alguns dos artigos apresentados aqui no Sermoré da Civisporã, ou nos textos estampados nas suas camisetas, podem parecer um pouco duros, pois repreendem atitudes prejudiciais; outros apresentam um convite a juntar “lé com cré”; outros são motivacionais.
Mas todos eles nos fazem pensar e possuem o mesmo objetivo: lembrar que somos nós que construímos o Brasil e que cabe a nós melhorar a nossa sociedade. Sociedade esta que se iniciou no encontro dos colonizadores portugueses com os nativos indígenas que aqui já viviam.
E é refletindo esse início do nosso país que está estampado o propósito fundamental da CIVISPORÃ:
CIVIS: Sociedade, em Latim.
PORÃ: Boa/m, bonita/o, melhor, em Tupi.
A imagem no início do artigo é a obra Refugee Astronaut, do artista Shonibare CBE (Yinka Shonibare), em cartaz no museu Wellcomecollection.
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