Você é o que você come, já diziam médicos, nutricionistas e cientistas.
E a pergunta que eu faço antes de começarmos a nossa conversa de hoje é: Você sabe mesmo o que come?
Enquanto pensa na resposta, peço que você acesse este link, para uma música do Chico César, pra entrar no clima do tema da nossa conversa: Agrotóxicos.
Sim, eu quero trazer notícias sobre como essa “praga” está nos matando lenta, e silenciosamente. Quer dizer... não tão silenciosamente assim, pois tem muita gente (assim como eu) trabalhando incansavelmente para mostrar o quanto isso é maléfico para quem interage diretamente com ele, para quem o consome, para o meio ambiente e, em consequência, para toda a vida que conhecemos nesse planeta.
Engana-se quem pensa que os agrotóxicos foram inventados para trazer um benefício à humanidade referente a alimentação da população, pois o objetivo de sua criação foi servir como arma química durante a 2ª Guerra Mundial.
Com o fim dela, esse agente químico passou a ser usado na agricultura, para diminuir perdas da lavoura, diminuição de custos e, consequentemente, aumento dos lucros.
Da revolução verde (transformações que o mundo sofreu após a 2ª Guerra para o aumento da produção de alimentos com o objetivo de evitar “o surgimento de focos de insatisfação popular por causa da fome” - aconselho MUITO a leitura deste artigo sobre o tema) até os dias de hoje, o que observamos é um aumento exponencial do uso de agrotóxicos para a maximização da produção agrícola e diminuição de custos.
Porém, essa estratégia de produção em escala para a “alimentação do mundo” não é exatamente aquilo que se propaga para o ser humano médio (pessoa que possui conhecimento médio sobre um assunto).
Primeiro, porque a maior parte dos agrotóxicos utilizados está nas lavouras de soja e outros tipos de grãos que são utilizados para a fabricação de ração animal (mais, aqui), que é utilizada, na sua maioria, para produção de carne, principalmente gado e aves.
Ou seja, além de se desmatar imensas áreas para a plantação de grãos que viram ração, ainda se desmata imensas áreas para a criação de gado, que consome ração, junto com a pastagem, para melhorar a qualidade da carne. Para você ter ideia, cada R$ 1 milhão de lucro da pecuária produz R$ 22 milhões de perdas de capital natural (mais, aqui - e aqui para o relatório na sua íntegra, em inglês).
Em breve vou escrever um artigo específico sobre o “agronegócio” e trazer informações sobre essa área da nossa economia, que não é tão “pop” assim, como diz a propaganda.
Por hora, vamos voltar a um dos problemas do “agro”, que não é “pop”, mas um grande vilão da contaminação de águas e solos, por conta dos agrotóxicos.
Para você ter uma dimensão do problema que enfrentamos sem um suporte do Estado, somente o Ministério Público de Santa Catarina está investigando a contaminação por agrotóxicos das águas consumidas pela população deste estado. Ao todo, são 22 municípios catarinenses que recebem águas contaminadas por agrotóxicos (mais, aqui e aqui).
Lembre-se que você pode até beber água mineral para evitar água contaminada, mas a água que se utiliza para cozinhar vem da torneira, que está contaminada com esses venenos químicos, que não se desfazem com o tratamento efetuado pelas empresas de saneamento, nem com a fervura (já que esse procedimento aniquila apenas elementos biológicos, e não químicos, como os agrotóxicos).
E a situação é muito pior do que imaginamos, pois a legislação brasileira é EXTREMAMENTE permissiva com relação aos níveis de resíduos de agrotóxicos permitidos.
Você sabia que as leis do nosso país permitem a presença do Glifosato (tipo popular de agrotóxico) na água para consumo humano 5 MIL vezes maior que as leis europeias? E que estudos científicos correlacionam o seu consumo com o aparecimento de inúmeras doenças como câncer, depressão, infertilidade, Alzheimer, alterações hormonais, entre outras (mais, aqui).
E estou falando apenas sobre o Glifosato, mas há inúmeros outros casos de agentes tóxicos utilizados no nosso país, cuja legislação é extremamente permissiva em comparação às leis de países sérios e preocupados com o bem-estar de suas populações.
E tem também os agrotóxicos que são proibidos na União Europeia, Estados Unidos, Japão, Australia, China... mas continuam legalmente em uso no Brasil (mais, aqui).
Para efeito de comparação com países que levam o assunto a sério, como deve de ser, somente a cidade catarinense de Armazém, próxima a Laguna, teria a água distribuída para o consumo humano aprovada de acordo com a regulamentação europeia. Todas as demais cidades catarinenses teriam suas águas reprovadas (mais, aqui).
Acredito que, a essa altura da nossa conversa, você já deve ter entendido que está se envenenando com o consumo diário de água contaminada em níveis que não seriam permitidas em países sérios (mas que são permitidas aqui). E que, ao longo do tempo, causam doenças extremamente sérias ao seu organismo.
Só que o problema dessa “praga” não se restringe apenas a contaminação de nossas águas (como se isso já não fosse motivo de alarde geral - mais, aqui).
Os agrotóxicos estão dizimando a nossa fauna e flora, sendo que os insetos (que “fabricam” a flora) são os principais ameaçados. Diversos estudos apontam que o uso de alguns agentes químicos liberados no Brasil (e proibidos na Europa) aniquilam abelhas e agentes polinizadores (mais, aqui e aqui).
Para ajudar nessa hecatombe ambiental, ainda temos milhares de produtores que promovem uma chacina de florestas e biomas, utilizando agrotóxicos para acelerar o processo de desmatamento e abertura de pastos e terras de cultivo... com os olhos fechados do governo federal (mais, aqui).
E para piorar tudo, desde o 2º semestre de 2016 o Brasil vem liberando o registro de inúmeros agrotóxicos (muitos deles proibidos em diversos países), sendo que nos últimos 3 anos, os números chegaram a ser 4 vezes superiores a média dos registros verificados de 1996 a 2015 (mais, aqui e aqui).
A questão é que existe tecnologias de controle de pestes e de plantio que permitem diminuir, senão zerar, o uso de venenos, que vão desde biopesticidas (mais, aqui), a técnicas de plantio como as agroflorestas (mais, aqui e aqui). Detalhe: a grande maioria destas tecnologias são nacionais, e produzidas por universidades públicas (mais, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui).
Então, a pergunta que fica é sempre a mesma: Por que o Brasil se mantém na contramão do mundo nesse assunto, mantendo-se na posição de país que mais consome agrotóxicos (mais aqui), literalmente matando a sua população envenenada?
Me desculpe se estou trazendo uma notícia extremamente alarmista, mas é EXTREMAMENTE importante que você esteja a par do que acontece, para que tome uma atitude também, pois os resultados do envenenamento que estamos sofrendo podem levar um certo tempo para aparecer, já que podem, inclusive, causar alterações nos espermatozoides, acarretando mal formação fetal, por exemplo (mais, aqui e aqui).
Sem contar o planeta que estamos deixando para as crianças que têm toda uma vida pela frente.
É preciso cobrar, não apenas do poder público, mas de todos as pessoas próximas de nós, que reformulemos nossos hábitos, de forma a proteger a vida humana e o equilíbrio que mantêm o nosso meio ambiente propício para a imensa teia de vida do nosso planeta. Mas para isso, é preciso a SUA AÇÃO também.
E é com um grande espírito de promoção desta AÇÃO que a Civisporã elabora o seu trabalho, seja na publicação de conhecimento nos seus canais, seja produzindo camisetas para nós, seres humanos, e nossos amigos peludos. Sempre com o propósito de conscientizar a população de que a sociedade atual é o resultado daquilo que somos no dia a dia, e de que nossas atitudes transformam a sociedade, positiva – ou negativamente.
Alguns dos textos estampados nas suas camisetas podem parecer um pouco duros, pois repreendem atitudes prejudiciais; outros apresentam um convite a juntar “lé com cré”; outros são motivacionais. Mas todos eles nos fazem pensar e possuem o mesmo objetivo: lembrar que somos nós que construímos o Brasil e que cabe a nós melhorar a nossa sociedade. Sociedade esta que se iniciou no encontro dos colonizadores portugueses com os nativos indígenas que aqui já viviam.
E é refletindo esse início do nosso país que está estampado o propósito fundamental da CIVISPORÃ:
CIVIS: Sociedade, em Latim.
PORÃ: Boa/m, bonita/o, melhor, em Tupi.
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