O tema de hoje é bem polêmico e peço que você fique comigo nessa conversa até o fim, escutando uma música que acredito ter tudo a ver com ele, pois vamos falar sobre campanhas políticas e fundo eleitoral.
Mas antes de começar, gostaria que você relembrasse os seus conhecimentos a respeito de alguns temas, como sociedade, poder político, democracia e... eleições (vou tentar resumir ao máximo os 3 primeiros para poder falar sobre o último).
Bora colocar a música de fundo pra esse papo? Segue o link.
--- Pausa para a música iniciar ---
Se formos analisar a nossa sociedade, veremos que existe uma infinidade de diferenças entre as pessoas que vivem nela, como suas formas de ver o mundo, seus desejos, suas necessidades, suas posses, suas crenças, seus limites, suas histórias de vida. Enfim, suas realidades. Isso sem contar idade, cor, raça, gênero, corpo físico...
Todas as pessoas buscam ter o melhor possível para suas vidas, e possuem necessidades distintas entre si.
Algumas acham que são superiores às demais pelo fato de poderem comprar tudo o que esse planeta pode oferecer. Outras sequer possuem uma casa. E todas moram no mesmo lugar.
Essas diferenças existem há milênios e são, no final das contas, as maiores causas das guerras que aconteceram em toda a história do ser humano nesse planeta (e ainda acontecem).
Com o passar do tempo, a forma de decidir quem tem o poder político (decidir, administrar e comandar as sociedades) foi mudando.
Há países em que este poder está nas mãos de monarquias. E mesmo que muitas já não sejam como eram há poucos séculos (sendo meramente ilustrativas), ainda temos sociedades comandadas por famílias reais... e com mãos de ferro.
Mas a grande maioria dos países de hoje têm o seu poder político definido democraticamente, ou seja, através da escolha de seus habitantes.
Alguns deles possuem democracias mais participativas, onde seus cidadãos e cidadãs possuem maior poder de definição sobre os rumos da sociedade em que vivem. Outros possuem uma democracia de fachada, pois são comandados por sistemas autoritários, sejam eles do espectro ideológico que forem.
Mas mesmo nas democracias mais participativas, todos os países do nosso planeta ainda têm o seu poder político nas mãos de algum tipo de poder, seja o econômico, o militar, o monárquico, ou o religioso. E o econômico é, de longe, o mais comum em comandar o poder político na maioria dos países do nosso planeta.
Veja bem.
No Brasil, assim como em outros Estados Democráticos de Direito (mais, aqui), o poder político está nas mãos de cargos eletivos (eleições) exercidos por pessoas escolhidas pela nossa população para cargos no Executivo e Legislativo de municípios, estados e união.
É através destes cargos que diferentes pessoas e grupos sociais da nossa sociedade podem ter suas necessidades atendidas. E como falei anteriormente, somos diferentes entre nós, com desejos e necessidades diferentes.
Imagine banqueiros e entregadores de pizza. As necessidades e desejos destes dois exemplos são completamente diferentes entre si. Logo, pessoas que os representem em cargos políticos discutem necessidades e desejos diferentes nos espaços de poder político.
Aliás, falando sobre necessidades, aconselho imensamente você a clicar nesse link e conhecer a Pirâmide de Maslow (teoria das necessidades do ser humano), para compreender bem o que quero dizer quando falo sobre necessidades.
Mas qual a possibilidade de termos pessoas eleitas representando os desejos e as necessidades de banqueiros em comparação a pessoas eleitas representando os desejos e as necessidades de entregadores de pizza?
Vamos a mais fatos.
A forma de se alcançar os cargos políticos eletivos se dá alcançando a maioria dos votos populares nas eleições para as cadeiras políticas em questão. E para isso é preciso participar de campanhas políticas.
E como em tudo no mundo em que vivemos, produzir uma campanha política tem custos.
Custos para produzir, gerenciar e transmitir conteúdo, criar textos, artes, gravar vídeos, imprimir e distribuir material impresso, disparar e compartilhar material digital...
Custos para deixar o trabalho profissional de lado e trabalhar em reuniões de definições de pautas políticas, de planejamento, de campanha...
Custos para viajar e promover eventos de contatos com eleitores, formadores de opinião, líderes de grupos de pessoas...
Até 2015 a lei brasileira aceitava que pessoas jurídicas doassem dinheiro para campanhas políticas de políticos e partidos. E nesses casos, o cargo político acaba sendo comandado, na realidade, pelo poder econômico que investiu nas campanhas eleitas.
Foi por conta do julgamento favorável no STF da ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade) 4650, promovida pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) que essas doações foram proibidas (mais, aqui).
Mas campanhas eleitorais, como eu falei anteriormente, têm custos. E em 2017 o Congresso Nacional criou o Fundo Eleitoral para que as candidaturas pudessem ocorrer.
Para você ter ideia, apenas 28,9% dos países (Egito, Sudão, Zâmbia, Irã, Paquistão...) não fornecem dinheiro público para campanhas (mais, aqui).
É o fundo eleitoral que dá a possibilidade de pessoas das mais diversas classes sociais se candidatarem a cargos políticos, trazendo mais representatividade e democracia para a nossa sociedade.
Infelizmente, da mesma forma que ocorre com o dinheiro investido na saúde, educação, entre outras áreas importantíssimas para o desenvolvimento e progresso da nossa sociedade, parte desse dinheiro também acaba sendo usado de forma ilegal, em alguns, para não dizer vários casos (mais um motivo para que sejamos cidadãos participativos da vida política).
Isso sem contar que, para as eleições desse ano (2022), o dinheiro destinado pelo Governo Federal (em acordo com o Congresso Nacional) para o Fundo Eleitoral é ultrajante e inadmissível: 4,9 bilhões de reais (mais, aqui), frente aos 2 bilhões aprovados para as eleições de 2020 (mais, aqui).
Mas mesmo com o Fundo Eleitoral e outros dispositivos que busquem mais democracia e representatividade no poder político, o poder econômico ainda tem mais capacidade (dinheiro) de eleger pessoas para cargos políticos, pois as doações pessoais ainda são permitidas (mais, aqui).
Logo, bilionários ficam quilômetros a frente nessa corrida por cadeiras do poder político e as desigualdades se perpetuam, não apenas no Brasil, mas no mundo todo.
O que fazer para mudar a realidade?
Conhecimento de qualidade para todos e todas.
Conhecimento sobre sociedade, sobre filosofia, sobre história, sobre a realidade das coisas.
Conhecimento sobre economia, psicologia, sociologia, ecologia, direito...
Conhecimento sobre SER Humano.
Precisamos de pessoas muito bem-informadas, para que possam decidir que tipo de sociedade querem para viver bem, e melhor do que vivemos hoje.
E é com essa enorme vontade de ajudar a trazer, por menor que seja, um pouco mais de conhecimento de qualidade para as pessoas, que a Civisporã elabora o seu trabalho, seja na publicação de conhecimento nos seus canais, seja produzindo camisetas para nós, seres humanos, e nossos amigos peludos.
Sempre com o propósito de sensibilizar a população de que a sociedade atual é o resultado daquilo que somos no dia a dia, e de que nossas atitudes transformam a sociedade, positiva – ou negativamente.
Alguns dos artigos apresentados aqui no Sermoré da Civisporã, ou nos textos estampados nas suas camisetas, podem parecer um pouco duros, pois repreendem atitudes prejudiciais; outros apresentam um convite a juntar “lé com cré”; outros são motivacionais.
Mas todos eles nos fazem pensar e possuem o mesmo objetivo: lembrar que somos nós que construímos o Brasil e que cabe a nós melhorar a nossa sociedade. Sociedade esta que se iniciou no encontro dos colonizadores portugueses com os nativos indígenas que aqui já viviam.
E é refletindo esse início do nosso país que está estampado o propósito fundamental da CIVISPORÃ:
CIVIS: Sociedade, em Latim.
PORÃ: Boa/m, bonita/o, melhor, em Tupi.
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