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Ísmos do Ego


Quantas vezes, hoje, você constatou o egoísmo enraizado na nossa sociedade?

Pode ser naquele momento em que o carro corta a sua frente propositalmente; ou naquela notícia de corrupção envolvendo determinados políticos e empresários, beneficiando alguns poucos; ou, até mesmo, naquela pessoa que joga sujeira na rua intencionalmente. Pouco importa o estilo do egoísmo praticado, o fundo emocional é o mesmo: A ação tomada por decisões que partem do EGO.


O EGO de que estou falando é a consciência, o EU de cada um, aquilo que caracteriza cada um de nós, do modelo tríade psíquico - ID, EGO e SUPEREGO. Sua principal função é harmonizar os desejos do ID (pulsões e instintos) com os valores morais do SUPEREGO (repressor). Ele é a nossa parte consciente e se desenvolve através das nossas interações com a realidade, agindo de acordo com os valores morais e o que a sociedade espera, sem ignorar nossos próprios desejos e satisfações primitivas. Mais, aqui.


Sabendo que o SUPEREGO é uma construção moral e histórica de uma determinada sociedade, onde os hábitos e culturas possuem grande parte nessa construção, o que é considerado egoísmo por uns, pode não ser considerado egoísmo por outros. Por conta disso, convencionar atividades egoístas pode mudar de sociedade para sociedade.


Enquanto a maioria das religiões (principalmente as judaico-cristãs) acreditam que vivemos num mundo onde o egoísmo é O câncer da sociedade, O mau a ser vencido, ou a “lição maior” a ser aprendida por cada um de nós, o campo filosófico não é unânime sobre esta questão. Algumas teorias acreditam que há tipos de egoísmos benéficos à sociedade, como a de Bernard Mandeville, em seu “egoísmo ético”, explicado em As Abelhas Viciosas, e a de Adam Smith (o pai da economia moderna), com o seu A Riqueza das Nações. Aliás, a natureza do ser humano é motivo de divergência entre diversas teorias filosóficas. Enquanto o escritor de Leviatã, Thomas Hobbes, dizia que o ser humano é essencialmente mau, Rousseau dizia exatamente o contrário.


Se nascemos egoístas, ou nos tornamos egoístas, a questão fundamental é que vivemos em uma sociedade egoísta, onde é possível notar o egoísmo no nosso dia a dia e, principalmente, se pensarmos nele como a sobreposição do interesse individual sobre o coletivo. Motivo pelo qual podemos comprovar o nosso próprio egoísmo presente em algum momento do dia a dia, seja no trânsito, no trabalho, em família, com os amigos...


E a pergunta que fica para mim é sempre: Quando é que eu estou agindo com egoísmo, e quando estou apenas buscando algum interesse pessoal de forma saudável, mesmo que vícios psicológicos de terceiros me façam pensar o contrário? Qual a linha que delimita o amor-próprio sadio do egoísmo?


Esta resposta me parece um pouco complicada de responder, já que convivemos com pessoas dotadas de características psicológicas das mais variadas que podem nos influenciar quanto a uma possível atitude egoísta, ou não. Características estas que podem conter chantagens e usurpações emocionais, distorções de realidade, baixa autoestima, entre tantas outras atitudes destrutivas (resultantes dos seus próprios egoísmos).


Além disso, vivemos em uma sociedade fundada no mercantilismo, onde a economia de mercado rege (por mais que você não perceba) os relacionamentos de todos nós. Tudo o que você puder imaginar tem alguma relação com o mercantilismo. Trocamos produtos e serviços por capital, que trocamos por produtos e serviços. Seja a comida que comemos, a roupa que vestimos, os veículos que usamos, os locais de entretenimento e estudos. E seus preços/salários estão condicionados a sua escassez, ou não, assim como à sua procura, ou não. Alguma lembrança do famoso “farinha pouca, meu pirão primeiro”?


Voltamos, então, à questão: Nascemos egoístas, ou nos tornamos egoístas?


Para mim, pouco importa. O que importa é como podemos mudar a situação, ainda mais quando sabemos que 1% da população possui metade das riquezas do mundo, e os 99% restantes possuem a outra metade (se você leu meus textos anteriores, sabe do que eu estou falando, caso contrário, acesse aqui, aqui, aqui e aqui). E a questão principal se resume a: Como conseguiremos mudar a mentalidade egoísta que nos rege, e que muitos nem se dão conta?


Para mim, não existe outra forma, a não ser pela promoção de equidade e justiça social (que melhor se explicam na figura abaixo). Nestes dois termos inclui-se capacitar TODOS com educação e conhecimento de qualidade equânime para todos, sem distinção de classe social, ou poder econômico.

Acredito ainda que devemos estimular os ideais de cooperativismo e senso social na nossa sociedade, começando pelas nossas crianças, com o desenvolvimento dos seus aspectos de convivência em grupo e sociedade. Imagine você quais resultados podemos alcançar ao nosso planeta com adultos em que tais aspectos foram desenvolvidos desde pequenos, seja com brincadeiras, jogos e educação formal, onde todos são vencedores ao se trabalhar em conjunto, onde as diferenças são aceitas e não "preconceituadas", onde todos se cuidam entre si e estejam bem.


Isso pode ser um sonho hoje, mas pode se tornar realidade amanhã. Basta trabalharmos por isso. E é exatamente pensando na construção desse futuro que a CIVISPORÃ desenvolve o seu trabalho, produzindo camisetas para nós, seres humanos, e nossos amigos peludos, com o propósito de conscientizar a população de que a sociedade atual é o resultado daquilo que somos no dia a dia, e de que nossas atitudes transformam a sociedade, positiva – ou negativamente.


Alguns dos textos estampados nas suas camisetas podem parecer um pouco duros, pois repreendem atitudes prejudiciais; outros apresentam um convite a juntar “lé com cré”; outros são motivacionais. Mas todos eles nos fazem pensar e possuem o mesmo objetivo: lembrar que somos nós que construímos o Brasil e que cabe a nós melhorar a nossa sociedade. Sociedade esta que se iniciou no encontro dos colonizadores portugueses com os nativos indígenas que aqui já viviam.


E é refletindo esse início do nosso país que está estampado o propósito fundamental da CIVISPORÃ:

CIVIS: Sociedade, em Latim.

PORÃ: Boa/m, bonita/o, melhor, em Tupi.

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